sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Precisando de dinheiro para desenvolver sua App ?

Durante as minhas andanças pelo Brasil fazendo a promoção do desenvolvimento de Apps multiplataforma nos últimos anos, ouvi uma centena de vezes a mesma frase: "Tenho uma ideia muito legal para um App, mas não tenho tempo e dinheiro para desenvolvê-lo". Um concurso lançado pelo Ministério das Comunicações há alguns dias, dá uma ajuda e tanto para esse pessoal: o Concurso INNOVApps.

Em resumo, o edital oferece de R$ 80 mil a R$ 100 mil a fundo perdido (não é financiamento), para quem desenvolver Apps e "Jogos Sérios" (jogos que ensinam alguma coisa), que sejam de interesse público e que se enquadrem nos seguintes temas:

  1. Direitos e Defesa do consumidor
  2. Educação / Ensino
  3. Saúde
  4. Mobilidade Urbana
  5. Segurança Pública
  6. Turismo e Grandes Eventos
  7. Gestão colaborativa de utilidade pública
  8. Tratamento de indicadores de políticas públicas (dados abertos)
  9. Difusão de campanhas de utilidade pública
Para quem quiser mais detalhes sobre o Concurso INOVApps, recomendo a leitura do edital disponível aqui, e recomendo ainda dar uma olhada nas perguntas mais frequentes aqui

Acho a oportunidade excelente para muitos desenvolvedores e empresas brasileiras, pois muitas vezes que ouvi a frase que citei acima, as ideias eram realmente inovadoras e ligadas a temas de interesse público (e por isso mesmo as pessoas se questionavam sobre como conseguir dinheiro para desenvolver aquilo).

Deixo aqui um alerta especial a diversos amigos que são membros de Coletivos pelo Brasil todo, pois grande parte das ideias de apps que ouvi de vocês nos últimos anos (ideias sensacionais, diga-se de passagem) são contemplados por este edital, que atende a pessoas físicas e jurídicas.

Vale a pena lembrar que cada vez mais os smartphones são dispositivos de inclusão social, e a proliferação destes dispositivos nas camada mais humildes do Brasil está crescendo bastante

Mão á obra e boa sorte a todos que vão participar do Concurso !

sexta-feira, 27 de junho de 2014

Quer dar uma espiada no futuro ?

Há alguns meses eu visito com frequência alguns sites de crowdfunding, acompanhando e monitorando ideias prá lá de geniais que as pessoas andam tendo pelo mundo afora.

Prá quem não sabe o que é crowdfunding, a explicação curta e grossa é o financiamento coletivo de uma iniciativa. Cada pessoal doa uma quantia em dinheiro, e recebe algo em troca com base nesta doação. Quer uma explicação melhor, dê uma olhada aqui.

Existem projetos buscando financiamento em diversas áreas, da música ao cinema, passando claro pelo maravilhoso mundo da tecnologia, contando com projetos para todos os gostos e bolsos.

O interessante destes meses de observação, é ver que alguns dos projetos de fato aconteceram e estão hoje disponíveis no mercado. Um deles é a placa Makey Makey, que nasceu no Kickstarter e está disponível hoje (aliás, recomendo uma dessas prá quem quer criar pequenos makers dentro de casa).

Vou deixar aqui o link dos dois sites que visito com mais frequência, sempre olhando a categoria "Tecnologia" deles.

O primeiro site é o Kickstarter, onde podemos encontrar projetos geniais como esta extensão elétrica que possui saída USB (a bagunça de carregadores na cabeceira da sua cama estão com os dias contados), um smartwatch com um design lindo e muito inovador, fones de ouvido sem fio de alta qualidade que são praticamente invisíveis quando estão sendo usados (quem gosta daquelas caixas acústicas da Beats nas orelhas vai detestar este) ou um sistema inteligente para monitoramento de jardins (ele coloca água automaticamente nas plantas e é alimentado pela luz solar... mão na roda, heim ?).

O segundo site é o Indiegogo, que na categoria tecnologia apresenta projetos muito legais como este scanner que simplesmente monitora o seu estado de saúde (e pode enviar dados para o seu médico automaticamente), este smartwatch controlado por voz e gestos, esta pulseira que vai simplesmente medir a sua ingestão diária de calorias (esse eu testou maluco prá ver de verdade) ou esta fechadura eletrônica para a sua casa com um monte de funcionalidades que deixaram este nerd que vos escreve com lombrigas digitais em alvoroço (você já encontra ela a venda nos Estados Unidos por um bom preço) !

Como podem ver, escolhi projetos que já bateram as suas metas de financiamento e que devem sair do papel nos próximos meses. Com um pouco de paciência, você consegue garimpar muita coisa genial nestes dois sites, portanto se quer dar uma espiada no futuro, visite-os com certa frequência.

Para finalizar, se você é mais do tipo "eu mesmo faço", fica a dica do site que muita gente já conhece (mas muita nunca ouviu falar) chamado Instructables. Basicamente é um site com receita-de-bolo para se fazer de tudo. De comida a organização de malas, novamente com uma área dedicada à tecnologia que é sensacional. Se você anda entediado, procurando uma paixão nova prá se divertir nas horas vagas, de nada... vai amar este site !

Boa navegação a todos, e se encontrar algum projeto que considera inusitado ou genial, poste o link para ele aí nos comentários !!!

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Como inovar com a Internet das Coisas

Tive um professor na pós graduação, que gostava de dizer que a definição científica de problema é: Problema é tudo aquilo que tem solução. Se não tem solução é fato, não problema.

Há tempos busco a origem de tal afirmação e nunca a encontrei com precisão. Já encontrei provérbios chineses, definições linguísticas e ditados populares que são parecidos, mas nunca encontrei esta definição assim tão escancarada. Independente da origem, há alguns anos tenho dividido os problemas que encontro na vida nestas duas categorias: problemas e fatos. Me concentro nas possíveis soluções da primeira categoria e me preparo para conviver e aceitar (ou não) os fatos da segunda. Por incrível que parece, isso tem me ajudado bastante a analisar os desafios técnicos que encontro na minha vida profissional diariamente.

É sob esta ótica que gostaria de propor uma reflexão sobre as reais oportunidades de negócios que estão surgindo com o advento do que chamamos de Internet das Coisas (ou Internet of Things – IoT em inglês).

Muito do que tenho lido e visto sobre o assunto, parte do princípio da aplicação das tecnologias de IoT à solução de problemas já identificados hoje. Em outras palavras, muito do que vemos são propostas de soluções mais elegantes ou inteligentes do ponto de vista da tecnologia, mas acredito que pensar assim é ver apenas a ponta do iceberg: o IoT permite resolver problemas que jogamos hoje na categoria “sem solução”.

A reflexão que proponho, e da qual acredito que grandes ideas de produtos e serviços poderão sair é a de definitivamente esquecer as limitações tecnológicas que encaramos nos últimos anos, e procurar soluções alternativas aos problemas que encaramos no nosso dia a dia. Acredito que a verdadeira inovação do IoT deve nascer desta quebra no modelo de raciocínio estritamente técnico que temos hoje, onde sob a luz da tecnologia que conhecemos propomos uma solução técnica para um problema existente. Em outras palavras, o que quero propor é que deixemos mais as ideias correrem soltas antes de colocarmos a elas as amarras e limitações das tecnologia que conhecemos (até porque aposto que tem bastante coisa no mundo do IoT que muita gente sequer imagina que existe :) ).

Existem vários exemplos disso, como a utilização eficiente de pesticidas na agricultura (será que eu não consigo medir com maior precisão uma área da plantação afetada, identificar a praga e agir especificamente ali), ou o rastreamento inteligente de alimentos perecíveis (será que uma empresa de distribuição de carne resfriada não consegue saber com antecedência que um determinado percentual da sua carga em um caminhão já não está mais em condições ideais de consumo, e tomar a decisão de recolher a carga ao invés de entregar uma bela encrenca para seu cliente final) chegando a coisas mais simples do nosso cotidiano, como encontrar uma forma mais inteligente e divertida de me ajudar a perder os kilos que preciso (através de wearables que meçam com mais precisão o meu consumo diário de calorias, integrados a apps que medem a minha ingestão diária de alimentos) ou ainda alguma coisa que me ajude a responder a pergunta assustadora que me faço quase toda noite: será que tomei a dose correta do meu remédio da pressão hoje ?

Não é apenas o monitoramento indiscriminado de dados e informações, mas a utilização efetiva e em tempo hábil destas informações, para que pessoas e empresas tomem decisões adequadas com maior efetividade. Não é também a utilização de tecnologia de ponta a um custo de milhares de dólares, mas sim o projeto de soluções que utilizem dispositivos praticamente descartáveis (a um custo mínimo, pensando inclusive na possibilidade de reuso).

Como podem ver, a construção deste tipo de dispositivos ou aplicações demanda não apenas uma solução de hardware, mas muito software e integração entre dispositivos e nuvem para que tudo funcione a contento, e é essa a grande oportunidade que vejo para as empresas brasileiras neste novo mundo, e cá entre nós, quando o assunto é criatividade e “dar um jeito” em problemas do cotidiano, somos especialistas. Para os que acham isso ufanismo, sugiro a pesquisa que tenho feito há anos: sempre que encontrar um estrangeiro, pergunte a ele como se aperta parafuso no dia a dia das famílias em seu país. Depois que ele responder, conte que apertamos com uma faca, e veja a reação... eu adoro :D

O primeiro passo e que realmente vai importar nesse novo mundo, é relativamente simples de conseguir: Sabe aquela coisa que te incomoda ou incomoda o seu cliente todo dia, aquela que você deixou de lado pois não tinha solução ? Que tal revisitá-la sem pensar imediatamente nas amarras da tecnologia ?

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

O seu próximo velocímetro será um App !

Há algum tempo que todos nós, amantes da tecnologia, ouvimos falar sobre os InCar Infotainment Systems, ou sistemas de entretenimento embarcados em automóveis, mas o que foi mostrado na CES na semana passada em Las Vegas elevou e muito a barra nesta área.
Tradicionalmente limitados a uma tela touch localizada no console central dos carros, estes sistemas tinham como exemplos básicos os tradicionais vídeos (DVD-Style), alguns Media Players para música com interface mais bonitinha, TV Digital e de algum tempo pra cá navegadores GPS. Alguns deles ainda tinham informações sobre o status do veículo, que nada mais eram do que uma apresentação mais bonitinha das informações já disponíveis nos computadores de bordo existentes atualmente (e diga-se de passagem, estes computadores de bordo costumam ter um modo de operação nada trivial para quem não é bem chegado em nerdices a bordo).
O que foi mostrado na CES no entanto, expande e muito o que estávamos acostumados a ver nos carros: o “painel de entretenimento” foi parar no painel central (sim, no lugar do painel de instrumentos), e os carros ganharam conectividade de ponta, com suporte até a LTE (me passa o IP do seu carro ?).
As duas fotos abaixo mostram o painel de um Audi Next TT que foi apresentado no evento:


Fonte: http://blog.cars.com

Fonte: Autoblog

Se olharem com um pouco mais de atenção para as duas imagens, e principalmente se tiverem a curiosidade de procurar na web os diversos vídeos que foram feitos dentro dos carros, vocês irão reparar que o Tacômetro e o Velocímetro deste cara são “virtuais”... em outras palavras, são sim Apps !
Os medidores de combustível e temperatura do motor, aparentemente ainda são “tradicionais”, mas os dois outros instrumentos são de fato software.
Isso me chamou a atenção, pois a integração do software com o carro aparentemente está chegando a um nível jamais visto, e não vejo como algo muito distante termos em breve uma API da Audi (e de outros fabricantes) focada no desenvolvimento de Apps ou instrumentos virtuais para automóveis. Não gostou do velocímetro redondo... sem problemas... pague US$ 0,99 e instale este outro aqui quadrado e “vintage”, cópia fiel daquele carro clássico do ano 1974.
Não preciso nem mencionar aqui que o acesso “somente leitura” a diversos dados dos automóveis somado a conectividade direta com a Internet permite o desenvolvimento de uma série enorme de aplicativos que sequer podemos imaginar hoje. Cansado de controlar o consumo de combustível do seu carro? Sem problemas... por mais US$ 1,99 você instala um App que controla o consumo do seu carro na nuvem, e disponibiliza esta informação pra você em um App no seu smartphone. Nunca lembra de trocar o óleo do carro? Sem problemas... Nós da Homembit's Oil Company te damos gratuitamente este App que monitora o status do óleo do seu carro e te lembramos de fazer a troca no momento certo. Nosso App até se integra ao GPS do seu carro para te ajudar a chegar a nossa loja mais próxima, agendamos a troca no melhor momento em sua agenda de compromissos, e não é só isso: Ainda te damos um desconto especial na primeira troca!
Falando em integração com navegador GPS, reparem na foto que ele agora foi parar dentro do painel central do carro, muito mais intuitivo do que aquele treco pendurado no vidro da frente do carro, e claro, se tem um GPS aí porque não imaginar que também podemos ter ali um client do Facebook ou um bom client de e-mails, afinal de contas, parado no trânsito das nossas metrópoles, nada mais legal do que dar uma geral nessas coisas sem tirar as mãos do volante.
Esta possibilidade de inclusão de inúmeras coisas que podem “distrair” os motoristas direto ali no painel central dos automóveis também gera inúmeras preocupações.E por isso mesmo um amigo que esteve na CES comentou comigo que uma conversa de corredor comum de se ouvir por lá foi sobre como adequar a legislação existente para impor restrições e limites seguros para estas tecnologias. Tenho a impressão que desenvolver essa legislação vai dar um trabalho razoável, e olha que não estou nem citando aqui as questões de privacidade e segurança envolvidas. Mãos no volante estão praticamente garantidas, o desafio agora é garantir os olhos na estrada.
Voltando aos aplicativos, acredito que a utilização em massa destes sistemas nos veículos vai abrir uma frente gigantesca para empresas e desenvolvedores, e a produção de Apps para veículos vai, cedo ou tarde, ter que fazer parte da agenda de muita gente.
Sendo assim, caro amigo, se você acreditava até hoje que o desenvolvimento de Apps era restrito a smartphones e tablets, é bom começar a rever seus conceitos. Sempre brinquei nas minhas palestras sobre o desenvolvimento de Apps para geladeiras, e agora estou contente em constatar a realidade: Meu próximo carro (ou o que vier depois dele) vai ter um App como velocímetro, e quero me preparar que não seja um velocímetro qualquer – quero o “meu velocímetro” rodando nele :)